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Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres na Escola da Noite

Notícias de Coimbra | 9 anos atrás em 19-01-2015

O mais recente espectáculo d’A Escola da Noite despede-se esta semana de Coimbra. Quatro sessões, entre quinta e domingo, são a última oportunidade para conhecer a história de Sérgio Penegaru, o poeta que entrou na “lista negra” do regime e encontrou no teatro do absurdo uma forma de reagir ao totalitarismo.

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“Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres”, texto do autor romeno Matéi Visniec, está em cena no Teatro da Cerca de São Bernardo apenas até domingo, 25 de Janeiro.

Escrita em 2009 e nunca antes levada à cena, a peça teve a sua estreia mundial em Coimbra no passado mês de Dezembro, com encenação de António Augusto Barros. Tem como protagonista Sérgiu Penegaru, um escritor que se recusa a escrever poemas patrióticos e admira o surrealismo.

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Na Roménia comunista do final da década de 50 do século XX, isso é suficiente para que entre na “lista negra”. As suas obras são proibidas e é preso em Sighet – a penitenciária que realmente existiu, por onde passaram e onde morreram dezenas de presos políticos nesse período. Como forma de resistir ao cárcere, Penegaru e os seus três companheiros de cela divertem-se a representar “A cantora careca”, de Eugène Ionesco. Como os autores que Visniec homenageia, e em particular Ionesco e o “teatro do absurdo”, a peça utiliza o humor para evidenciar a violência e o absurdo da própria realidade e mostra-nos como o riso e a arte podem ser formas activas de resistência e de luta pela liberdade.

A memória da realidade concreta que inspirou a escrita da peça (o próprio Visniec foi autor proibido pelo regime de Nicolae Ceausescu e foi forçado a exilar-se em França em 1982) é uma das razões que levaram A Escola da Noite a escolher este texto. Por outro lado, ele constitui também a oportunidade de reflectir sobre a forma como os processos de “lavagem cerebral” actuam na consciência dos indivíduos e condicionam a sua liberdade de pensamento, mesmo em sociedades democráticas e ditas “livres”.

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Nesta última semana de temporada do espectáculo, A Escola da Noite conclui também o ciclo de cinema romeno que vem apresentando no bar do teatro, como forma de mostrar um pouco da cultura e da história recentes da Roménia. O último filme a exibir é “Francesca”, de Bobby Paunescu, e conta a história de uma educadora de infância de Bucareste que tenta emigrar para Itália no final da década passada. As suas motivações, as hesitações com que se confronta e os relatos que lhe chegam das dificuldades enfrentadas pelos emigrantes romenos noutros países europeus mostram-nos como há ainda tanto caminho a percorrer no processo de construção europeia.

A temporada de “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres” abre um ciclo de três espectáculos próprios que A Escola da Noite vai apresentar ao longo do primeiro trimestre do ano, repondo produções estreadas em anos anteriores. Entre 6 e 8 de Fevereiro, volta “Auto dos Físicos”, de Gil Vicente, e entre 26 e 29 de Março regressa “Novas diretrizes em tempos de paz”, de Bosco Brasil. Para quem estiver interessado em assistir aos três espectáculos existe um bilhete especial, com o preço único de 12 Euros, o que torna ainda mais atractiva esta oportunidade oferecida ao público de ver ou rever os mais recentes trabalhos da companhia.

CINEMA

Francesca

de Bobby Paunescu

20 de Janeiro

terça-feira, 21h30

Drama > Roménia, 2009, 94′, legendado em inglês

Bar do TCSB > entrada gratuita

 

TEATRO

Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres

de Matéi Visniec

pel’A Escola da Noite

até 25 de Janeiro

quinta a sábado, 21h30

domingo, 16h00

M/14 > 180′ com 2 intervalos

informações e reservas: 239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

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