Coimbra

Cidadão comprometido com o Povo e a Pátria

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 29-05-2014

 O advogado António Arnaut, distinguido hoje pela Universidade de Coimbra (UC) com o grau de doutor “honoris causa”, disse que “nem sempre a Lei realiza o Direito” e assumiu-se como “cidadão comprometido com o Povo e a Pátria”.

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“Creio que foi esta rebeldia e também a minha intervenção cívico-social – para ajudar, embora modestamente, a construir uma sociedade mais livre, justa e solidária – que justificaram a alta distinção que me vai ser conferida”, afirmou António Arnaut, na Sala dos Capelos, antes de receber as insígnias doutorais.

O seu papel na criação do Serviço Nacional de Saúde, “trave mestra do Estado Social”, há 35 anos, “deve ter pesado” na decisão do Senado universitário de lhe conceder o grau de doutor pela Faculdade de Economia, a título honorífico, considerou, perante o reitor, João Gabriel Silva, e o claustro doutoral da UC.

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“É meu dever recordar intimamente todos os que ajudaram a concretizar essa grande reforma de Abril e os que têm lutado para não deixar apagar a luz de esperança que então se acendeu e que ainda bruxuleia no horizonte nublado de Portugal”, adiantou António Arnaut.

O novo doutor recordou a sua licenciatura na Faculdade de Direito da UC, em 1959, um grau académico que procurou “dignificar, como advogado”, embora “sabendo que nem sempre a Lei realiza o Direito e que só o Direito justo protege os fracos e os oprimidos”.

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Ao pedir, 55 anos depois e cumprindo o ritual, o grau de doutor “honoris causa” em Economia, assegurou que continuará “fiel aos ideais da liberdade, igualdade e fraternidade, ‘filhos laicos do Evangelho’, na feliz expressão de frei Bento Domingues”.

No seu discurso, citou também o escritor português Fernando Pessoa e o filósofo espanhol Ortega y Gasset.

“É real o momento que estou a viver, mas tenho dificuldade em assumi-lo, porque foi a coisa mais improvável e gratificante que me aconteceu nos últimos e largos anos da minha vida”, disse.

António Arnaut nasceu há 78 anos, na Cumieira, aldeia do concelho de Penela onde “as pessoas comiam o pão duro dos dias sem sol, viviam à míngua e morriam, em regra, sem assistência médica”, como em todo o Portugal rural desse tempo.

“Foi essa paisagem humana de sofrimento e resignação que, sem metáfora nem retórica, despertou em mim o inconformismo ativo perante as injustiças evitáveis”, realçou o advogado e escritor, militante nº 4 do PS, partido que ajudou a fundar, em 1973, tendo-se afastado da política ativa há mais de 30 anos.

O novo doutor teve como apresentante Constantino Sakellarides, professor da Escola Nacional de Saúde Pública.

O elogio do candidato coube a José Manuel Pureza, catedrático da Faculdade de Economia, enquanto o seu colega Pedro Ferreira fez o elogio do apresentante.

Grande-oficial da Ordem da Liberdade, António Arnaut foi presidente da Comissão Administrativa da Câmara de Penela, após o 25 de Abril, e ainda deputado e ministro dos Assuntos Sociais.

De 2002 a 2005, exerceu um mandato como grão-mestre do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa.

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