Coimbra

Amigos dos Caminhos de Ferro defendem reanálise do projeto Metrobus para o ramal da Lousã

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 17-12-2018

 

 A Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro (APAC) apelou hoje a uma reanálise do projeto ‘metrobus’ no ramal da Lousã, considerando essa opção desadequada às necessidades de mobilidade dos territórios abrangidos entre Coimbra e Serpins.

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Uma imagem do passado

“Os estudos apresentados que conduziram à eleição desta opção [metrobus] partiram de um pressuposto cuja assunção pelos poderes públicos não foi inteiramente realizada, e que demonstram a falta de interesse para investir seriamente no caminho de ferro no nosso país”, refere a associação, num comunicado enviado à agência Lusa.

A opção pelo ‘metrobus’ é “essencialmente justificada pela disrupção que a atividade ferroviária causa no atravessamento urbano entre Coimbra-Parque e Coimbra-A, o que pode e deve ser ultrapassado por soluções desniveladas, a exemplo do que acontece em situações similares por essa Europa fora e, desde logo, na nossa vizinha Espanha”.

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A APAC defende a imediata reposição e eletrificação da linha entre Coimbra-Parque e Serpins, “o que permitiria não apenas melhorar a eficiência energética destes serviços face à situação passada, como baixar os tempos de percurso de 2009 atrás citados em pelo menos dez minutos, fruto da muito superior performance do material elétrico disponível na rede portuguesa”.

“A solução rodoviária para o canal [metrobus] privará a população de um serviço mais cómodo e mais resiliente face a condições meteorológicas adversas, bastante habituais ao longo do percurso entre Coimbra e Serpins”, lê-se no comunicado.

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Por outro lado, refere, “também a capacidade oferecida é potencialmente insuficiente – o canal será mantido em via única, tendo os autocarros que cruzar nas estações”.

“Os exemplos apresentados nos estudos referem-se, quase todos, a realidades não comparáveis à envolvente conimbricense, e apontam para tempos de percurso inclusivamente piores do que a operação ferroviária apresentava em 2009”, revela associação, salientando que Coimbra – Lousã demorará 69 minutos, contra 51 em 2009.

De acordo com o comunicado da APAC, “este cenário é indesejável em 2018, quando a pressão para a existência de transportes públicos mais rápidos é decisiva para alterar as quotas modais no futuro”.

Relativamente à estação de caminho de ferro de Coimbra-A, cujo fecho está também previsto com a instalação do Metrobus entre Coimbra-A e Coimbra-B, a associação manifesta “estranheza e repúdio por uma intenção que contraria manifestamente todas as melhores práticas” no setor.

“A estação de Coimbra-A é, além de mais central, um importante ‘buffer’ na operação ferroviária da área, onde confluem diversos serviços regionais e urbanos da Figueira da Foz, Entroncamento, Guarda, Aveiro e Porto, que não apenas podem deixar os passageiros imediatamente em zona central na cidade, evitando os transbordos, como habilita os operadores a uma gestão mais flexível das rotações do material circulante, muito mais difícil de realizar numa estação de passagem como Coimbra-B, sobretudo se não for ampliada”, refere o comunicado.

Também em comunicado, um dia após o 112.º aniversário da chegada do comboio à Lousã, o Movimento Lousã pelo Ramal exigiu a “reposição da ferrovia”.

Desde 1996, ano em que foi criada a Metro Mondego, uma sociedade de capitais exclusivamente públicos, “o embuste do metro passou por diversas vicissitudes, cerca de 100 estudos e projetos e pelo menos 150 milhões de euros de dinheiro dos contribuintes desperdiçados”.

O projeto de metro ligeiro para o Ramal da Lousã (ferrovia que servia os municípios de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo, que foi desativada em 2010 e cujos carris foram removidos), foi anunciado em 1994, mas, entretanto, abandonado, tendo o atual Governo decidido avançar com o sistema de ‘metrobus’.

A solução tecnológica de autocarros elétricos designada ‘metrobus’ do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), que irá servir o antigo ramal ferroviário da Lousã e a cidade de Coimbra, foi integrada na reprogramação do Portugal 2020.

Segundo o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, o concurso público para a sua instalação deverá ser lançado no primeiro trimestre do próximo ano.

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