Coimbra

Acidente de há um ano na Sertã muda vida de feridos e familiares dos 11 mortos

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 25-01-2014

Ana Maria Rato, uma das sobreviventes do acidente de autocarro ocorrido há um ano na Sertã, viu a sua vida mudar a partir desse dia, tal como a maioria dos feridos e familiares das 11 vítimas mortais.

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Um ano após o desastre, que provocou ainda 32 feridos, na sequência do despiste do autocarro de matrícula espanhola, Ana Maria Rato relatou à agência Lusa que foi sujeita a duas operações e, diariamente, faz fisioterapia, tendo abandonado o seu emprego.

A sinistrada, moradora em Portalegre, tal como a maioria dos restantes 42 passageiros, incluindo sete crianças, que viajavam na excursão, confessou que ainda lhe “custa muito” recordar os momentos do acidente.

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O despiste aconteceu na manhã de 27 de janeiro de 2013, no nó de acesso do Itinerário Complementar 8 (IC8) ao Carvalhal, na Sertã (Castelo Branco), e ainda hoje Ana Maria tem na memória os “gritos” que escutou quando o autocarro caiu por uma ravina.

Com problemas ao nível da coluna, na sequência do acidente, esta vítima recordou que, depois, esteve cerca de dois meses em coma induzido num hospital de Coimbra, prosseguindo a recuperação durante mais quatro meses, num centro de recuperação em Tábua.

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“A questão do seguro ainda está por resolver. Eles [seguradora] estão a pagar os tratamentos e o ordenado-base”, acrescentou.

Já Piedade Gaio nem sequer seguia no autocarro, mas a sua vida deu, igualmente, uma reviravolta para pior. O acidente “ceifou” as vidas da irmã e do cunhado.

Em declarações à Lusa, admitiu que a situação tem sido “complicada” e que, há um ano, “pressentiu” que algo tinha acontecido aos familiares que viajavam em direção a São Paio de Oleiros (Santa Maria da Feira), para uma visita a uma exposição denominada “O maior presépio do mundo”.

A irmã, recordou com nostalgia, “gostava muito de excursões”, ao passo que o cunhado “nunca queria” participar neste tipo de passeios.

A tragédia fez com que os filhos e netos das vítimas mortais tivessem recorrido à ajuda de psicólogos, contou Piedade Gaio, indicando ainda que, em matéria de seguros, “para já”, foram pagos os respetivos funerais, aguardando a família o desenrolar do processo.

O promotor da excursão, Luís Barbas, explicou à Lusa que as informações que possui apontam no sentido de que a seguradora está a agir “dentro da normalidade”.

Os casos “mais pequenos”, disse, estão na “maioria resolvidos”, ao passo que os casos de internamento prolongado e de morte “ainda não”.

Luís Barbas, que viajava também naquela excursão com a filha de 10 anos, adiantou que, entretanto, já voltou a organizar passeios. Contudo, “aquele dia nunca mais” lhe “sairá da memória”.

Faustino Castelinho, outro dos sobreviventes, apenas sofreu ferimentos ligeiros e já recebeu a indemnização da seguradora, mas a situação foi “difícil” na altura e, ao longo do último ano, foi “duro” recordar e “superar” o trauma, uma vez que eram todos como “uma família”.

Na cidade de Portalegre, o acidente foi vivido com consternação pela grande maioria da população. Ainda hoje, confirmou à Lusa a presidente da câmara, Adelaide Teixeira, o “gabinete de crise” criado no dia do acidente para dar apoio aos familiares “continua” em funcionamento, embora com “menos” procura.

Carla Silva, funcionária de um quiosque num bairro de Portalegre onde residiam algumas das vítimas recordou, por sua vez, que os jornais “esgotaram” durante vários dias, na altura do acidente, quando a população viveu momentos complicados.

“As pessoas estavam muito chocadas, tentaram apoiar-se umas às outras. Foi uma tragédia que marcou e continua a marcar”, disse.

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